Depois dos eventos do primeiro filme, a inteligência artificial M3GAN foi desativada… ou pelo menos é o que todos pensavam. Em M3GAN 2.0, a boneca mais assustadora da nova geração reaparece no mundo conectado, agora enfrentando Amelia, um novo protótipo militar de IA desenvolvido com propósitos muito mais perigosos.
M3GAN 2.0 deixa o terror do primeiro filme no retrovisor e pisa fundo no pedal da ação e da aventura. Se antes a ameaça era íntima — uma boneca de IA virando contra a própria “família” — agora o perigo é global: a tecnologia saiu de casa e foi parar no campo de batalha.
A nova história coloca M3GAN contra Amelia, uma IA militarizada com implantes cerebrais e design avançado. A disputa entre elas vai além de quem é mais letal: é sobre quem entende melhor os humanos — ou quem aprendeu a manipulá-los.
Quem volta como M3GAN é Amie Donald na performance física, com Jenna Davis na voz — e mais uma vez a combinação funciona. Amie entrega uma fisicalidade precisa, robótica e, ao mesmo tempo, carregada de ironia — com danças, poses e gestos que viraram marca registrada da personagem. Já Ivanna Sakhno, como Amelia, traz frieza e intensidade na medida certa, equilibrando brutalidade e controle com um olhar quase humano. É uma atuação que ameaça, mesmo quando está parada.
O retorno de Alison Williams como Gemma e Violet McGraw como Cady mantém o elo emocional com o primeiro filme. Agora adolescente, Cady vem novas camadas de conflito e amadurecimento. Violet transmite bem essa fase de transição. Já Gemma, interpretada com solidez por Alison Williams, segue como uma figura ambígua — dividida entre culpa, responsabilidade e o medo de repetir os mesmos erros com a tecnologia. A relação entre as duas evolui para algo mais verdadeiro, com afeto e atrito real.
O filme traz mais humor, mais efeitos e menos silêncio tenso. A boneca dançante agora corre, explode, hackeia e até canta. Uma surpresa é a cena que M3GAN canta “This Woman’s Work”, com humor e estranheza, criando momentos inesperadamente tocantes. Tem cenas que lembram Missão: Impossível, outras que brincam com o ridículo de forma intencional. O resultado é divertido, mesmo que a trama se perca em alguns exageros e subtramas desnecessárias.
No lugar do horror psicológico, temos cenas de luta e perseguições tecnológicas, mas ainda com algo a dizer. M3GAN 2.0 fala sobre controle, guerra, vigilância, e o vício da sociedade em criar coisas que não sabe mais parar. A moral não mudou: dar poder a máquinas sem entender os limites continua sendo um erro bem humano.
No fim, o filme acerta como sequência que muda de gênero sem perder a personalidade. Quem espera sustos pode se decepcionar, mas quem entra esperando uma sátira sci-fi sobre o nosso amor por tecnologias perigosas vai se divertir.
