#ArteviewNaPoltrona: Review de Jurassic World: Recomeço (2025)

Cinco anos após os eventos de Domínio, a natureza tenta se reequilibrar enquanto dinossauros sobreviventes são isolados em ilhas protegidas. É nesse cenário que inicia Jurassic World: Recomeço e conhecemos Zora Bennett (Scarlett Johansson), uma ex-militar enviada a uma missão delicada: coletar DNA de três espécies raríssimas que podem conter pistas para curar doenças humanas. Mas o que era uma expedição científica vira um pesadelo de sobrevivência, quando mutações genéticas e interesses militares colocam todos em risco em uma ilha onde a ciência já perdeu o controle.

A proposta do filme é clara: recomeçar sem ignorar o legado.

Escrito para funcionar como uma nova fase da franquia Jurassic, o filme tenta encontrar um meio-termo entre o encanto do original e o ritmo blockbuster dos últimos capítulos. E, ao menos visualmente, consegue. Filmado em locações reais como Tailândia, Malta e Reino Unido, com forte uso de efeitos práticos combinados ao CGI, o longa entrega dinossauros com peso, textura e presença.

A atuação de Scarlett Johansson é um dos pilares do filme. Como Zora, ela foge do arquétipo da heroína imbatível e mostra vulnerabilidade, trauma e instinto. Jonathan Bailey também convence como o Dr. Henry Loomis, cientista cético que se vê obrigado a correr por sua vida — literalmente. Os dois têm química, e mesmo que alguns personagens coadjuvantes sejam pouco aproveitados, como Duncan Kincaid o personagem do Mahershala Ali que presença marcante, mas subaproveitada, que merecia mais tempo de tela e conflito real. Mas em resumo o núcleo principal funciona.

O tom do filme remete aos clássicos de aventura com suspense, como Jurassic Park e O Mundo Perdido. Cenas que envolvem perseguições noturnas, floresta escura, tudo com DNA spielberguiano. A direção sabe dosar silêncio e caos, e o som dos rugidos volta a ser um personagem por si só.

Mas nem tudo sobrevive à viagem. O roteiro é funcional, porém previsível. A trama não traz muitas novidades e, em alguns momentos, parece caminhar por caminhos já conhecidos demais. Há subtramas genéticas que soam confusas ou pouco desenvolvidas. E o terceiro ato, embora intenso, é longo demais e resolve conflitos com certa pressa.

🛑 [Spoilers]

Uma das coisas que mais me tirou do filme foi o desequilíbrio entre os personagens. Você vê gente treinada, equipada, pronta pra missão — e mesmo assim alguns deles morrem em mortes tensas. Mas aí a tal da família resgatada do naufrágio, completamente civil, um pai, uma criança e dois adolescentes sem nenhum preparo, atravessa a ilha praticamente ilesa. Isso quebra o impacto.

A própria introdução da família desacelera um pouco o filme, atrasando o ritmo. Porque, no fim, quem parecia mais preparado virou só escada pra mostrar o perigo — enquanto quem chegou por acidente atravessou o inferno jurássico com sorte. Isso faz a tensão perder força.

O destaque técnico vai para a trilha sonora de Alexandre Desplat, que mistura composições inéditas com variações do tema original de John Williams. A trilha ajuda a equilibrar o tom entre nostalgia e novidade.


Jurassic World: Recomeço é menos sobre inovação e mais sobre reconectar. Tenta ser o elo perdido entre o clássico e o moderno. Talvez ainda não seja o “recomeço definitivo” que a franquia precisa. Mas é, ao menos, um passo com pegada firme e dentes afiados.