Quem é CAJU? Nome que dá título ao segundo álbum solo de Liniker, CAJU é o alter ego que a cantora e compositora paulista revela ao público aos 29 anos.
Através dessa personagem, Liniker criou as 14 faixas de seu novo disco, lançado em todas as plataformas de streaming. O álbum é uma expressão de memórias e de um “dia eterno de sol”, temas explorados em uma carta escrita pela artista para CAJU, que pode ser lida ao final do texto. CAJU é um mergulho em relatos pessoais e em uma impressionante mescla de estilos, que inclui pop, samba, jazz, house, pagode, arrocha, disco e reggae. O disco também apresenta participações especiais de nomes como Lulu Santos, BaianaSystem, ANAVITÓRIA, Pabllo Vittar, Priscila Senna, entre outros.
“Por muito tempo, eu me vi no vórtice de ‘preciso provar quem eu sou’, ‘preciso ser validada’… CAJU nasce dessa força de querer me enxergar com mais carinho. Com quase 10 anos de carreira, entendi que tenho de ser dona da minha narrativa”, explica Liniker. “Indigo Borboleta Anil me colocou em pé. Agora, CAJU vai me fazer correr, me dar movimento. Fico muito feliz em poder falar, pela primeira vez, que me sinto muito segura. Eu vou adorar se as pessoas amarem esse disco, mas eu já amo. Eu fiz o álbum dos meus sonhos”, completa.
CARTA PARA CAJU:
“Querida Caju, bom dia.
Me escrevo esta carta em primeira pessoa pelo exercício de me ver assim, livre, nessa estrada longa à um destino que eu ainda não sei como será, mas em que acredito veementemente, porque agora eu aprendi a andar, depois de ficar de pé.
Escrevo isso e me lembro daquela cena do meu filme preferido, Kill Bill, quando a Beatrix Kiddo fica horas depois do coma tentando mexer os dedos, deitada na parte de trás do carro.
Hoje eu aprendi a correr, e é por isso que eu acordei e quis me colocar num ônibus com direção ao futuro. Eu pretendo passar o dia me observando atenta e peço, no fundo do pensamento, tomara que seja um dia de sol! E se houver neblina, que eu seja um sol interno.
De olhos abertos, eu observo o movimento na estrada e penso na minha trajetória até aqui, nas inúmeras coisas que meus olhos já viram, e eu me percebo sendo uma grande colecionadora de memórias bonitas. É claro, dentro dessas memórias, também existem os equívocos e os deslizes, os tombos e alguns precipícios, mas é impressionante que, mesmo com esses declínios, eu ainda lembro como voar.
Agora, com os fones de ouvido bem ajustados, eu sei que quero um dia dançante depois de passar por esse estado em que o corpo fica amuado e onde, naturalmente, eu fico de calundu e me esquivo de qualquer coisa que me atravesse, pela escolha de viver o ranço. Chega. Eu realmente prometi ser o SOL hoje, desde o momento em que entrei nesse ônibus.
Eu vejo o trem passando na janela e penso que, às vezes, é preciso alguém ou um movimento espelhado ao seu, que lhe faça encontrar um outro sentido para os domingos. Quando o relógio marca às 13h, parece que o dia será um grande enguiço, um embrulho, um negócio efêmero.
Se eu pudesse, hoje eu faria um dia eterno, um astro noturno, uma fogueira que não se abala pela água, um eclipse de estrelas. Se eu pudesse, o dia de hoje seria disruptivo a tudo o que é lógico.
Sorrio ao me imaginar assim, com meu possante na estrada.
É preciso ser o retrogosto da boca, e ser eterna em alguma memória. Seu nome não é Caju à toa”
