Vitor Kley está de volta com seu sexto álbum de estúdio, As Pequenas Grandes Coisas.
Com 11 faixas autorais, o disco marca um novo mergulho artístico em sua trajetória, agora também como produtor musical. Em parceria com nomes como Marcelo Camelo e Felipe Vassão, Vitor explora novos gêneros e arranjos, sem abrir mão da leveza e da positividade que são sua marca registrada.
A seguir, entrevistamos o cantor que falou sobre o processo criativo, suas inspirações e algumas músicas importantes do novo álbum.
Arteview Entrevista – Vitor Kley
- Arteview Entrevista: O título ‘As Pequenas Grandes Coisas‘ sugere uma reflexão sobre os detalhes da vida. O que essas ‘pequenas grandes coisas’ significam para você pessoalmente e como elas se refletem nas músicas?
Vitor Kley: Desde pequeno, fui criado prestando atenção nas pessoas, valorizando gestos simples como um bom dia, um café preparado com carinho, ou o prazer de pisar descalço na grama. Isso vem muito do meu pai e da minha mãe, que sempre me ensinaram a olhar com amor pro mundo. Acho que As Pequenas Grandes Coisas sempre estiveram dentro de mim — agora só estou colocando isso pra fora, nas músicas.
Esse álbum tem quatro pilares importantes pra mim: o primeiro é a alegria de encerrar um ciclo e começar outro, que aparece logo em “Que Seja de Alegria”. O segundo é a reflexão sobre a vida, em “Vai Ficar Bem”, onde questiono o valor do nosso tempo. O terceiro é “Vai Por Mim”, uma homenagem poderosa ao meu pai, que trata de temas como a depressão e conta com a participação do professor Clóvis de Barros. E, por fim, “Arco-Íris”, que representa o encontro com o sentido da vida — depois da tempestade, vem a beleza, vem o sol.
Esse disco é muito pessoal, talvez o mais profundo que já fiz. E eu realmente espero que ele possa tocar as pessoas de alguma forma.
- Arteview Entrevista: Produzir um álbum autoral tão pessoal e profundo. Quais foram os maiores obstáculos durante esse processo de criar e produzir 11 faixas? Como foi o processo de explorar novas sonoridades como MPB, funk, R&B e até blues? O que você aprendeu com essa mistura?
Vitor Kley: Sim, esse é um álbum muito pessoal e profundo, e fico feliz demais com isso. A gente conseguiu unir várias camadas minhas: o lado pop, o emocional, o pensativo, o íntimo. Eu quero que quem curte meu som esteja ali comigo, sentindo tudo isso junto. Foram muitos obstáculos até aqui — trabalhar com cinco produtores, (Paul Ralphes, Giba Moojen, Marcelo Camelo, Felipe Vassão e incluindo eu) não foi simples de organizar. Mas conseguimos amarrar tudo com uma sacada técnica genial: gravar todas as vozes e violões no mesmo microfone, criando essa unidade sonora. A partir daí, cada produtor pôde trazer sua linguagem, e era isso que eu queria — uma base coesa com a liberdade criativa de cada um.
Explorar novas sonoridades me empolga demais. “Carta Marcada”, por exemplo, tem essa vibe bolero, Bossa Nova Beat. “Tudo de Bom (Ô Moça)” foi produzida pelo Marcelo Camelo e tem aquele clima de música brasileira que eu amo. Já “Arco-Íris” é meio anos 60/70, com harmonia 6×8, uma viagem que me inspira muito.
O maior aprendizado desse álbum, pra mim, foi a coragem — coragem de mudar, de encerrar ciclos e começar outros. E, logo depois da coragem, veio a certeza: a certeza de que cada pessoa envolvida nesse projeto estava ali por um motivo. Sou muito grato a todo o time, cada músico, produtor, cada pessoa que ajudou a dar vida a esse disco.
Assinar a produção também foi um passo importante. Eu não me via nesse lugar antes, me sabotava. Mas meu irmão, o Clay, o Paul Ralphes me deram força. E foi com esse apoio que eu abracei a ideia de produzir também. Aprendi que tenho capacidade, que posso mais do que imaginava — e isso fez toda a diferença em As Pequenas Grandes Coisas.
- Arteview Entrevista: Em ‘Vai Ficar Bem’, você traz uma mensagem de superação e esperança. Qual é a sua visão sobre a importância de manter a fé em tempos difíceis?
Vitor Kley: Eu acredito muito que a fé move montanhas, como dizia meu avô — e como canta o Milton: “fé na vida!”. Essa música, “Vai Ficar Bem”, é uma das colunas principais desse álbum, uma das minhas favoritas. Ela traz uma reflexão profunda: quanto vale o nosso amanhã? Quanto vale o simples ato de acordar e respirar? Pra mim, isso é uma pequena grande coisa.
A gente vive num tempo tão acelerado, às vezes nem percebe que está se despedindo da vida aos poucos. E quando a gente perde a fé, tudo começa a desmoronar. Por isso, é essencial acreditar em algo, manter pelo menos um fiozinho de esperança. Porque, com esse fiozinho, ainda dá tempo de recuperar o que parecia perdido. Essa música é sobre isso — sobre não desistir, sobre confiar na vida mesmo quando ela parece difícil.
- Arteview Entrevista: ‘Arco-Íris’, tem uma reflexão profunda sobre a vida. Será que achamos a ponte pro pote de ouro? O que você espera que os ouvintes tirem dessa mensagem?
Vitor Kley: Eu quero que todo mundo encontre o seu pote de ouro — o sentido da vida. A vida é feita de altos e baixos, de alegrias e tristezas, amores e desamores. E entender que tudo isso faz parte do caminho já é, por si só, um grande passo. Quando a gente aceita isso e segue em frente, com consciência e amor, a gente encontra o flow… e encontra o propósito.
“Arco-Íris” é sobre isso. Quando eu escuto essa música, dá vontade de sair abraçando o mundo. Eu quero que quem ouve também sinta isso — essa vontade de amar, de se amar, de reconhecer que é amado. Como em “Vai Por Mim”, que diz: “Nossa vida vale pela capacidade de amar e pela sorte de ser amado.”
Espero que cada pessoa que escute o álbum se sinta tocada por essa mensagem, que encontre força pra seguir em frente, pra se aceitar como é e pra fazer a vida valer. Porque, no fim, é isso: espalhar amor, viver com respeito e deixar o mundo um pouquinho melhor do que quando a gente chegou.